No Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia, Abramet reforça importância da integração ao tráfego

Por ABRAMET em 26/03/2020

Nesta quinta-feira (26), é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia. Para celebrar a data, a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) reforça a importância de somar esforços para integrar pessoas acometidas pela epilepsia à sociedade. Por esse motivo, desde 2003 a entidade aplica a diretriz médica para “Avaliação de Condutores e Candidatos a Condutores de Veículos Automotores Portadores de Epilepsia” e recomenda sua adoção pelos especialistas.

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A publicação, desenvolvida com base em evidências científicas, foi incorporada à Resolução nº 267/08 do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), que dispõe sobre o Exame de Aptidão Física e Mental (EAFM), aplicado em motoristas e candidatos a condutores de veículos automotores. Conforme salienta o diretor científico da Abramet, Flavio Emir Adura, somente a partir dessa iniciativa as pessoas com epilepsia passaram a ter a possibilidade de se habilitarem como condutores de veículos automotores. Na sua avaliação, o fato representou um avanço significativo, uma vez que contribuiu para ampliar as possibilidades de vivência de pessoas com epilepsia, ao mesmo tempo em que auxiliou para diminuir o estigma social vinculado à questão.

“Muitas vezes, o preconceito direcionado às pessoas com epilepsia é tão ou mais prejudicial que a própria condição em si. Muita gente ainda associa as crises epilépticas, por superstição ou pura falta de informação, a uma manifestação religiosa ou incapacidade física e cognitiva. Esses conceitos são totalmente equivocados e exigem intervenções múltiplas que modifiquem essas ultrapassadas interpretações sociais”, afirma o médico.

Manifestações clínicas – A epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que acomete cerca de 1% a 2% da população mundial. Durante um período indeterminado de tempo (segundos ou minutos), uma parte do cérebro emite sinais desregulados, que podem ficar restritos (crise parcial) ou se espalhar pelo órgão (crise generalizada). Por esse motivo, apenas algumas pessoas têm sintomas evidentes de epilepsia, o que não significa que o problema tenha menos importância se a crise não for tão aparente.

Em crises parciais simples, a pessoa com epilepsia experimenta sensações estranhas, como distorções de percepção ou movimentos descontrolados de uma parte do corpo. Ele pode sentir também medo repentino, desconforto no estômago e ver ou ouvir de maneira diferente. Além disso, se perder a consciência, a crise será chamada de parcial complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode se sentir confusa e ter déficits de memória. Em crises de ausência, a pessoa permanece “distante ou desligada” por alguns instantes, podendo retomar o que estava fazendo em seguida.

Em crises generalizadas ou tônico-clônicas, ocorrem convulsões em duas etapas: primeiro a pessoa perde a consciência e cai, permanecendo com o corpo rígido; e logo após, as extremidades do corpo tremem e acontecem contrações. Quando as crises duram mais de 30 minutos sem que a pessoa recupere a consciência, podem prejudicar as funções cerebrais.

Reconhecimento – Em função da sua contribuição à inserção das pessoas com epilepsia no trânsito motorizado e melhora da qualidade de vida dessas pessoas, a Abramet foi homenageada pela Liga Brasileira de Epilepsia (LBE). Conforme ressalta o presidente da Associação, Antonio Meira Júnior, o comprometimento em propiciar meios de acessibilidade para diferentes tipos de motoristas acometidos por alguma comorbidade faz parte das atribuições fundamentais da Abramet.

“Durante muito tempo, as pessoas com epilepsia foram estigmatizadas como incapazes para dirigir e desempenhar outros atos da vida contemporânea. No contexto do trânsito brasileiro, há alguns anos, as sucessivas gestões da Abramet têm mantido seu compromisso de atuar tecnicamente para superar as convicções equivocadas do senso comum e habilitar os motoristas brasileiros a partir das evidências científicas. Nossa motivação é seguir trabalhando para que, cada vez mais, as leis de trânsito sejam regulamentadas de forma eficaz, com garantias de direitos e segurança para a população do País”, finalizou o médico.