Um profissional que precisa e merece políticas públicas de atenção à saúde, o motorista caminhoneiro, ainda enfrenta obstáculos para ter mais qualidade de vida. A medicina do tráfego pode ser um mecanismo efetivo de acompanhamento sistemático desses profissionais, unindo esforços com outros segmentos para criar ações preventivas que levem à uma melhor condição de saúde e, consequentemente, um trânsito mais seguro. “Nós queremos trabalhar com o poder público para criar politicas que valorizem o motorista caminhoneiro, de forma a mudar a condição de saude dessa população”, afirmou o Ricardo Irajá Hegele, que nesta terça-feira (26) representou a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) em audiência pública na Câmara dos Deputados durante o XII Fórum de Atenção Integral à Saúde do Homem.
Os painelistas convergiram na defesa da prevenção como foco principal do atendimento à saúde desse profissional e na defesa da adoção de políticas públicas que tornem mais efetivo o acesso à saúde por esse profissional. “É preciso salvar esse homem e cuidar da saúde dele. A medicina de tráfego é uma oportunidade para avaliar esse profissional e trabalhar com prevenção”, defendeu Hegele.
Segundo ele, as cardiopatias, transtornos mentais, hipoglicemia e a apneia do sono são as principais causas médicas de acidentes fatais nas estradas brasileiras. “Temos que avaliar esse motorista a cada cinco anos, acompanhar sua saude e a evolução de doenças relacionadas ao trabalho que podem causar acidentes”. Presidente da Abramet, Juarez Monteiro Molinari acompanhou a sessão, organizada pelo deputado Sérgio Vidigal (PDT-ES). Também participaram do debate representantes do SEST/SENAT e do Sindicato do Trabalhador Rodoviário.
Durante a audiência pública, representante do Ministério da Saúde anunciou a criação de um cartão de saúde para atender e melhor acompanhar o motorista caminhoneiro em todo o país. Segundo Danilo Campos da Luz e Silva, Coordenador de Saúde do Homem DAPES/SAPS da Pasta, o cartão será testado em um programa piloto e servirá para coletar e armazenar dados sobre os atendimentos realizados pelo caminhoneiro, servindo como um banco de dados que permitirá o acompanhamento de sua saúde. “Vai funcionar como um prontuário de bolso, trazendo o histórico de saúde e exames”, explicou.
Representante da Sociedade Brasileira de Urologia, Arilson de Souza Carvalho Junior também defendeu ações de prevenção para atender o motorista caminhoneiro. Segundo ele, s?o mais de dois milhões de profissionais em atividade, com uma rotina em que o atendimento à saúde depende de oportunidade. “Além de propor tratamento, é preciso ações que interfiram na vida desses profissionais. O programa de saúde do homem tem mais de 10 anos e não foi implantado em todos os municípios”, cobrou. “O caminhoneiro que está viajando n?o tem acesso a saúde”.