Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Datafolha mostrou que os médicos são os profissionais em quem os brasileiros mais confiam. Segundo a pesquisa, os médicos aparecem com 35% da preferência dos entrevistados. Na segunda posição, aparecem os professores, com 21%, e os bombeiros, com 11%. A maioria avalia como ótimo ou bom o empenho dos médicos para atender os pacientes durante a pandemia e acredita que o trabalho deles não tem recebido a valorização merecida.
“A confiança é o pilar na relação médico paciente. E nesse momento de pandemia, em que o mundo foi surpreendido com uma doença totalmente desconhecida, os médicos têm colocado toda a sua dedicação e conhecimento em favor da população”, ressaltou Antonio Meira Júnior, presidente da Associação Brasileira de Medicina da Tráfego (Abramet).
Ao comentar os resultados da pesquisa, divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) nesta terça-feira (21), ele fez questão de parabenizar os médicos de tráfego por sua contribuição nesse contexto. “Somos todos soldados na linha de frente desta guerra. Então a confiança depositada na classe médica só nos fortalece enquanto profissionais e também como pessoas”, pontuou.
O levantamento indica que a situação provocada pela Covid-19, em que informações desencontradas têm deixado a população insegura, contribuiu para o aumento do percentual de confiabilidade dos médicos. Na pesquisa anterior, realizada em 2018, também pelo Datafolha a pedido do CFM, os médicos tinham um índice 24%, que agora cresceu nove pontos percentuais.
Atrás de médicos, professores e bombeiros, aparecem policiais (5%), militares e juízes (cada categoria com 4%) e advogados, jornalistas e engenheiros (3%, cada). Na sequência, surgem os procuradores de Justiça (com 1%) e os políticos (com 0,5%). A pesquisa ouviu 1.511 pessoas, com 16 anos ou mais, em entrevistas estruturadas por telefone, de todas as regiões do país. A amostra contemplou a distribuição da população segundo sexo, classes sociais e níveis de escolaridade.
PANDEMIA - Essa avaliação do trabalho dos médicos durante a pandemia vem amparada em percepções específicas. Por exemplo, 79% dos brasileiros avaliam como ótimo ou bom o empenho dos profissionais para atender os pacientes e 73% classificam da mesma forma a qualidade da assistência oferecida. Para 64%, o nível de confiança depositada no trabalho realizado durante a pandemia é alto.
Por outro lado, 49% dos brasileiros acreditam que o trabalho do médico não tem recebido a valorização merecida, considerando-a como regular, ruim ou péssimo. Já 65% avaliam com esses mesmos conceitos as condições de trabalho oferecidas aos médicos, ou seja, entendem que o trabalho desses profissionais tem sido prejudicado por falta de infraestrutura.
De forma geral, independentemente do período da pandemia, os brasileiros mantêm o entendimento de que os médicos são vítimas de problemas de gestão. Para 99% dos entrevistados, esses profissionais carecem de condições adequadas para o pleno exercício de suas atividades. Já na percepção de 95%, eles merecem ser alvos de medidas de valorização, como maior remuneração e plano de carreira.
BOA IMAGEM - O alto nível de confiança e credibilidade depositado nos médicos de deve, principalmente, à percepção das mulheres (42%), da população com ensino fundamental (42%) e com idade a partir de 45 anos (37%). A boa imagem da categoria também é maior entre os que ganham até dois salários mínimos (41%) ou mais de 10 salários mínimos (33%). Do ponto de vista da distribuição geográfica, os percentuais são muito próximos, com ligeiro destaque para os estados do Nordeste (37%) e Sul (38%).
Os dados coletados pelo Datafolha ainda permitiram captar qual a percepção dos brasileiros com respeito à atuação dos médicos brasileiros no enfrentamento da pandemia de Covid-19. Na opinião de 77%, o trabalho desses profissionais é considerado ótimo ou bom. Outros 17% consideram essa performance como regular e apenas 6% como ruim ou péssimo.
As mulheres (78%), a população com idades de 45 a 59 anos (82%), os com nível superior (81%) e com rendimento maior do que dez salários mínimos (78%) são os segmentos que se destacam no que se refere à imagem positiva dos médicos. Geograficamente, o bom conceito não apresenta grandes variações por região, ficando, em média, em 76%.
*Com informações do CFM